quinta-feira, outubro 27, 2005

Fotos II...





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quarta-feira, outubro 26, 2005

Entrevista & Comi"x"ão

- Estou!
- Ganso Patola? - Interrogou uma voz do outro lado da linha.
- Quem é você? O que quer? - Perguntou intrigada a ave.
- Sou jornalista do Tal e Qual, mas podia ser da TVI também.
- O que é que você quer? - Voltou a insistir a ave. - Como é que me descobriu?
- Tenho informações de fonte segura que anda a propagar a gripe das aves pela zona. O que tem a dizer?
- O quê?!?! Você está maluco?! Outra vez essa história. Homem, eu só estou de passagem.
- Mas, Ganso Patola, quantos mortos já provocou?
- Mas quais mortos?! Aqui não morreu ninguém!
- Mas é verdade que tem mantido contacto com outras aves.
- Pois claro, porque não haveria de o fazer? Ouça lá vocês também massacram os ingleses que para aqui vêm fazer turismo?
- Hmm, deixe cá ver. Não me lembro bem... ah, sim quando eles estão bêbados e a provocar distúrbios, isso interessa-nos.
- Bem, esqueça. Para além disso?
- Não propriamente. - Respondeu após breve reflexão.
- Então porquê eu?! Faço o mesmo que eles. Passo por aqui para procriar e depois vou para o Reino Unido e para a Irlanda.
- Ganso Patola, voltando ao assunto, das aves com quem manteve contacto, quantas morreram nos últimos dias.
- Lá vem você outra vez com a história dos mortos. E já agora para de me chamar Ganso Patola.
- Mas porquê?!
- Há uns tempos, parece que me mudaram o nome. Agora sou Alcatraz.
- Ok. Alcatraz, é verdade que contactou com aves que faleceram!
- Isso era o Zé Pombo!! Já tinha 15 anos!
- Só esse?
- Os outros não conheço. Com excepção da Gaivota Alberta que teve um fogaço com o Mané Pardela. Mas por questões de incompatibilidade foram proibidos de se encontrarem e a Alberta suicidou-se.
- E acha que não podemos falar de gripe das aves?!
- Mas, ouça... estes casos... - Balbuciava mostrando princípios de desespero o Ganso... perdão o Alcatraz.
- Alcatraz, é verdade que pertence à Al Qaeda? Interrompeu bruscamente o jornalista.
- Você está maluco. Olhe que ainda o processo. Mas de onde é que vem essa ideia?
- Correm rumores de que você estaria a ser usado como arma química contra o mundo ocidental. É verdade Alcatraz?
- Olhe, já nem sei o que lhe diga. Estou com comichão.
- Mas quantos já morreram com a gripe das aves?
- Eh pá, mas você gosta de sangue!
- Pois! Já agora, quantos já morreram com a gripe das aves?


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segunda-feira, outubro 24, 2005

Esclarecimento

Em data anterior, publicámos aqui na Comi"x"ão, um e-mail (daqueles que andam por aí sem dono) alegadamente escrito por Miguel Sousa Tavares onde se insinuava que a corrida à Presidência da República do Dr. Mário Soares teria surgido com vista à facilitação do projecto do aeroporto da OTA, em terrenos supostamente adquiridos pelo referido candidato.

No edição de 21 de Outubro do jornal O Público, o jornalista vem desmentir essa mesma mensagem contribuindo assim para que boatos infundados não sejam factor condicionante da opinião pública, para o bem e para o mal de quem neles se vê incluído.

Não queremos com isto demonstrar qualquer tipo de apoio à candidatura do Dr.Mário Soares, tal como já o demonstrámos em posts e votações anteriores, mas não queremos obviamente contribuir para a falsa calúnia.




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quarta-feira, outubro 19, 2005

Domingo


Aqui, alguém se queixava do Domingo.


Aqui pode-se ler o porquê desse tédio.


E em baixo, ouvi-lo...









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Presidenciais - O melhor candidato - O(s) Escolhido(s)



Perante a possibilidade de vermos o nosso candidato ser divulgado mais tarde do que o anúncio de candidatura do Prof. Cavaco Silva, resolvemos terminar abruptamente a votação que temos vindo a promover na busca do candidato ideal à presidência da república.

A afluência foi enorme, os números apresentados no quadro em baixo, estão em milhares!!

E o vencedor foi.... temos um empate.
Mas não estranha. Até há partidos que parece mesmo que têm dois candidatos. Os resultados da Comi"x"ão não podiam ser mais reveladores da dúvida instalada na sociedade.

José Mourinho e Manuel João Vieira saem vencedores do embate.
Manuel João para comemorar o feito estará na próxima Quinta-Feira com os Irmãos Catita num espectáculo num conhecido Cabaret de Lisboa, ali para as bandas da Praça da Alegria.

José Mourinho, ao que apurámos está ainda com alguma dificuldade em aceitar uma vitória dividida.

O único candidato que aceitou falar com a nossa reportagem foi o pato com laranja que congratulou os vencedores e mostrou a sua satisfação por ter cumprido os objectivos propostos - ultrapassar Santana Lopes nas votações, que, segundo Pato com Laranja "tem mau perder. Quando lhe estendi a mão disse que me ia comer. Eu não percebi se o disse literalmente ou se me havia confundido com uma rapariga, por isso, bati a asa, literalmente."

Também tentámos obter uma opinião junto do emplastro mas quando chegámos ao estádio do Dragão, já ele estava no do Bessa. Ainda fomos a correr mas já estava na Luz.

Dos restantes candidatos já não obtivemos qualquer comentário com excepção de Zezé Camarinha cujo atendedor do telemóvel nos presenteou uma voz feminina com sotaque estrangeiro a comunicar que o "barriguinha" entrou de férias. O verão tinha sido duro. O turismo voltou a registar números interessantes.


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Presidenciais - O melhor candidato - Resultados Finais



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terça-feira, outubro 18, 2005

Tiros no escuro

No posto de escuta temos agora Los Hermanos.
Natural seria, uma vez que iniciei um post com o tema, falar um pouco da banda e do que se pode aqui ouvir. Ao contrário disso não vou dizer absolutamente nada. Por uma simples razão. Nada sei sobre Los Hermanos! ... vá lá, quase nada sei sobre Los Hermanos.
Ouvi-os hoje pela primeira vez. Perante a bela surpresa que foi a primeira faixa, resolvi colocá-la ao dispor de todos os comichosos. Para não ser totalmente vazio de conteúdo lá me dispus a descobrir que Los Hermanos até são brasileiros e que já lá vão no quarto álbum. Esta era das difíceis, o álbum chama-se... 4.
Agora resta-me continuar a ouvir e perceber se o tiro no escuro acertou bem no alvo...


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Obras na Portela Vs Aeroporto novo

Queda do Concorde, Paris, 25 de Julho de 2000

Como todos sabemos a comi"x"ão não só é defensora das liberdades, como também partilha com os leitores as divergências internas de forma a que a participação dos diversos comi"x"osos seja total.
Numa reunião até altas horas da noite, depois de muita discussão e cabeças partidas (as ambulâncias que ouviram ontem à noite. Lembram-se?) a comi"x"ão não se entendeu quanto à construção do novo aeroporto da Ota (escusado será dizer que o peso desta opinião nos órgãos de decisão é fundamental).

Por um lado temos os custos exacerbados de um projecto desta grandeza. Por outro temos um problema que se prende simplesmente com a segurança que um aeroporto dentro da cidade, convenhamos, não tem.
Contudo, o argumento mais ouvido, da parte de quem tem influência, não tem sido a segurança mas sim a resposta a uma previsível taxa de crescimento.

O problema da segurança deveria ser o leitmotiv desta questão.

Fazendo valer a força da memória curta, já muitos terão esquecido que foi em 25 de Julho de 2000, que o Concorde se despenhou em Paris causando a morte dos seus 113 passageiros. A tragédia, já de si, enorme, não ganhou contornos ainda mais dramáticos porque o aeroporto Charles de Gaulle se encontra fora da zona periférica de Paris.
A questão é simples: Se aquele acidente tivesse acontecido no aeroporto de Lisboa...

Na Ota ou em outro local qualquer, desde que longe dos centros urbanos, um aeroporto precisa-se.



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quinta-feira, outubro 13, 2005

Na mercearia do bairro...



Enquanto esperava a minha vez de ser atendido, tive o privilégio de ouvir o seguinte diálogo entre uma típica mulher de bairro de Lisboa e o típico dono da mercearia do bairro, de Lisboa:
(Leiam tentando imaginar o sotaque das personagens. Torna tudo mais real.)
- Então mas ouve lá, vais-te casar é? - Perguntou o Sr. Teófilo.
- Não, estou a brincar. Quer dizer, ando a ver, ele até agora tem sido bom p'ra mim. Também não sou daquelas de andar sempre à espera, à espera, a ver se presta. Eu sei ver quando é que um homem é bom ou não vale nada. - Divagou a cliente.
- Mas ele é... - hesitante - escuro?
- Quer dizer, não é escuro, escuro, escuro. Mas é um bocadinho. Mas isso eu não me importa. Eu dou-me bem com toda a gente. A cor na interessa. Na é? - E rindo, virou-se para mim e continuou o seu discurso - Como diria o outro enquanto houver fruta à verga. - E continuou a rir.
O Sr. Teófilo que por breves instantes saíra de cena, regressa em força.
- Pois, claro. Mas pronto, eu... eu não sou racista mas... era um desgosto muito grande se os meus filhos.. quer dizer. Eu tenho um filho e uma filha e... eu não sou racista nem nada disso, mas era um desgosto que eu tinha... Mas isto não é ser racista.
- Pois. Mas eu dou-me bem com toda a gente. - Respondia a cliente.
- Mas olhe que é melhor ser pobre e trabalhador do que andar na droga. - Dizia agora o Sr. Teófilo. A reposta da cliente manteve o nível da conversa.
- Sim, claro. Melhor do que se fosse cigano. Cigano é que não.

O que vale é que ela se dá bem com toda a gente e que ele nem é racista!
Possivelmente para se ser racista seria necessário espancar alguém, de preferência um preto, porque racismo é mesmo é com os pretos e com os ciganos. Os outros devem ser imigrantes.

P.S.1 A propósito, se ainda forem a tempo, vejam um filme de nome Crash - Colisão. Com ele vão poder verificar o vosso grau de racismo. Será que há alguém que não o seja?

P.S.2 Aproveitem para ouvir a banda sonora. Há um exemplo no posto de escuta.


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segunda-feira, outubro 10, 2005

O dia seguinte...




Num daqueles mails que todos recebemos, entre tralha e mais tralha, consegui descobrir esta história bem a propósito do último domingo eleitoral. (Obrigado ao Luís Silva pelo e-mail). Esperemos que este não seja o nosso dia seguinte.



Um presidente de Câmara andava tranquilamente pela rua quando é atropelado e morre.

A sua alma chega ao paraíso e dá de cara com o S.Pedro à entrada.

- Bem-vindo ao paraíso! - Diz o S.Pedro. - Mas antes de entrar temos uma questão a resolver. Aqui raramente temos políticos e não sabemos bem o que fazer consigo.
- Não tem problema. Eu próprio dou um vista de olhos e logo descubrirei algo para fazer. - Diz o presidente.

- Por mim não haveria problema, mas são as ordens que tenho. Lá de cima sabe? Fazemos o seguinte, você passa um dia no Inferno e outro no paraíso e então poderá escolher onde quer passar a eternidade. - Propôs S.Pedro.
- Não é necessário, já resolvi quero ficar no paraíso.
- Presidente, são as regras.

S.Pedro acompanhou o presidente a um elevador e desceu, desceu, desceu, até ao Inferno.

Ao abrir a porta, o político dá por si num lindo campo de golfe. Ao fundo vê antigos amigos também eles políticos falecidos todos muito felizes e em trajes sociais. É cumprimentado, abraçado e todos falam um pouco sobre os velhos tempos.
Jogam uma partida de golfe, comem uma lagosta caviar.
Presente também se encontra o diabo, muito amável e alegre.

O tempo passou sem que o nosso presidente desse por esse facto.
É hora de partir.
Despedem-se com abraços e acenam enquanto o elevador sobe.

S.Pedro já o esperava e de imediato o conduz ao Paraíso onde o político passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que andam de nuvem em nuvem, tocando harpas e cantando.

O dia foi passado em harmonia e mais uma vez o tempo passou a voar.

Surge S.Pedro.
- Amigo, hora da decisão.
Após alguma reflexão:
- Sabe S.Pedro, eu nunca pensei que isto pudesse acontecer. O Paraíso é muito agradável, mas penso que o inferno é mais interessanto e animado. Acho que vou optar pelo andar de baixo.

S.Pedro aceita a decisão e conduz o presidente ao elevador.

As portas abrem-me para um terreno baldio cheio de lixo onde todos os seus amigos se encontravam com as roupas rasgadas e sujas apanhando entulho e colocando em sacos pretos.

O diabo vai ao seu encontro e coloca um braço por cima do seu ombro.
- Naa... não entendo.-Gagueja o presidente - Ontem havia um campo de golfe, lagos, caviar, alegria, divertimento e agora... só lixo, entulho e os meus amigos arrasados!!

O diabo olha e sorrindo ironicamente responde:
- Sabe, ontem estávamos em campanha, hoje já conseguímos o seu voto!


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A última viagem

Munch, Edvard - O Grito - 1893.
Têmp
era s/ prancha, 83,5x66 cm.
Roubado do Nasjonal Musset, Oslo em Agosto 2004


CAPÍTULO I



- Ei!! Pare se faz favor. Onde pensa que vai?! – Interrogou de forma repreensiva André.
Dr. Werdna, deslocava-se já em sentido contrário quando a voz o fez parar, mostrar descontentamento e, resignado, reajustar novamente o sentido do seu passo com o de André.
Apesar de já se conhecerem há vários anos, eram frequentes os desentendimentos e as picardias que consumiam o seu relacionamento. E sempre fora assim. Desde o princípio.

Seguindo as instruções do Dr. Estevez, advogado, colega e amigo de seu pai, André foi ultrapassando, contrariado, as habituais burocracias: finanças, registos, notários, etc.
Era o tipo de situação que o irritava.



Por não ter seguido a veia jurídica que o pai, por força, lhe queria incutir, o relacionamento com o progenitor nunca fora o melhor. Desentendimentos, picardias e também algumas aventuras e desventuras de André, tinham criado uma tensão que o tempo não curara. Bem pelo contrário. O fraco reconhecimento que o escritor, André Castillo, recolhia da crítica, contrastava com a influência e prestígio que o seu pai, Dr. Luiz Castillo, adquirira no meio jurídico.
Por tudo isto, André procurou, desde cedo, reunir os meios para subsistir de forma independente, mesmo que, por vezes, a distância de uma vida folgada e a doença tivessem sido causa de alguns amargos.
Apesar de não estar seguro, penso terem sido estas dificuldades que terão forçado a entrada do Dr. Werdna na vida de André. Adiante…
A distância que o separava do pai foi igualmente factor de desinteresse do jovem escritor pelos investimentos da família. Mesmo tendo conhecimento de alguns negócios, André ignorava grande parte do património que seu pai acumulara ao longo dos anos.

Era filho único, já os pais o eram e como as relações com familiares mais afastados nunca foram privilegiadas, o laço que o mantinha ligado às suas raízes era a mãe. Era ela quem mais sofria com os desentendimentos entre pai e filho. Fora ela quem garantira no testamento do marido, que algum do património da família encontrasse André como destinatário.
- Mas com uma condição. – Disse o Dr.Castillo. E continuou…
- O Carlos só lhe diz onde é depois dele tratar da papelada. Sozinho! Pelo menos aqui terá de ser responsável.
A mãe concordou e demonstrou o seu conforto pela segurança que estaria a garantir a André.
Carlos Estevez era um jovem, brilhante advogado, que há cerca de 3 anos trabalhava no escritório do Dr. Castillo. Era o protótipo do futuro que havias sido desenhado para André. Apesar da diferença de idades entre o Dr. Castillo e Estevez, não deixou de ser enigmática, a certeza com que o pai de André delegou no seu amigo a condução do processo do seu testamento. Como se soubesse que a tragédia se aproximava.


CAPÍTULO II


No cocktail que precedera a cerimónia o jovem escritor fora abordado várias vezes pelos jornalistas:
- Já está a pensar num novo trabalho? – Perguntavam.
- Estou sempre a pensar. – Respondia de pronto.
- Para quando então uma nova publicação?
- Vamos por partes. Sabem que o segredo é também a alma de um escritor. – E mais não adiantava. Pelo menos aos jornalistas. Uma jovem encarregada de servir bebidas aos convidados abordara-o:
- Champanhe?
- Nunca recusaria um convite seu. – Respondeu em tom de flirt.
- Sabe que sou uma fã sua. – Disse a jovem mostrando à vontade. – Qual a história do próximo livro? – Perguntou.
- Hmm. Desinibida e curiosa! – Disse ensaiando a sua melhor pose. E prosseguiu em voz baixa. – Vou-lhe contar um pouco. Mas é segredo. É a história de um escritor, falhado, cuja vida foi marcada pela relação difícil que teve com o pai, um advogado famosíssimo, e mais tarde pela tragédia que levou a sua vida e a da esposa, sua mãe.
- Parece-me interessante. Mas num estilo diferente do anterior.
- Sim. Esta será uma obra mais pesada e sombria. Para contrastar um pouco com a boa disposição da anterior. Olhe! Com isto terminei o champanhe! Quem sabe mais tarde poderei dar-lhe mais pormenores. - Disse rindo ao mesmo tempo que pousava delicadamente, na bandeja que a jovem exibia, o copo com um cartão por baixo. – Isto também é segredo. – E afastou-se para junto de Martina, sua esposa.

Juan Pablo Blanco acabara de subir ao palco para receber o galardão que a Associação de Escritores de Ficção Sul-Americanos lhe atribuíra pela sua primeira obra.
Como é natural, nestas ocasiões, todos os agradecimentos são poucos e Juan Pablo quis sublinhar o apoio dado pelos editores por lhe terem concedido a oportunidade de publicar a sua obra e também, com risos e pose galã, “à minha esposa que me tem proporcionado momentos igualmente maravilhosos”.
Apesar desta referência, a vida conjugal não era a melhor. Juan Pablo era o verdadeiro boémio. Poucas eram as noites que passava em casa. Recolhia-se para trabalhar numa pequena casa de campo, herança da família, ou aceitava um dos vários convites que frequentemente lhe chegavam às mãos desejando a sua comparência em festas privadas ou em encontros declaradamente mais tórridos.
Daí que quando a editora e Juan Pablo assinaram um contrato de publicação das suas próximas duas obras, Martina, tenha demonstrado alegria e escondido alguma tristeza pelo facto do dinheiro proporcionado por esse acordo poder vir a ser mais um factor de afastamento do marido.
Na noite da cerimónia Juan Pablo, acompanhou a esposa a casa e seguiu para o seu retiro de campo para trabalhar. Foram estas as suas palavras mas Martina sabia que não era verdade e provou-o o cheiro a mulher que o marido trazia, quando perto das cinco horas da madrugada se aconchegou em sono profundo nos mesmos lençóis onde esta se encontrava.


CAPÍTULO III


Na reduzida sala escura do apartamento que há dois anos alugara, André consumia uma garrafa de whisky. Simultaneamente tomava alguns apontamentos.
O cenário era sombrio. Do lado esquerdo da poltrona que o acomodava, uma mesa de apoio, assumia o papel de bar, suportando uma pequena colecção de garrafas, maioritariamente de whisky. Cheias, vazias e parte consumidas. Do lado direito um banco de cozinha servia de suporte a uma caixa de comprimidos e a 3 copos já usados que dali poucas vezes deveriam sair. Na alcatifa, um outro jazia tombado com uma mancha de bebida a ligá-lo ao solo, traduzindo o estado de André.
Apenas um candeeiro de pé direccionava um pequena lâmpada para as folhas onde o jovem Castillo tomava as suas notas soltas.
Depois… depois era a luz que a televisão, muda, emitia e impunha opressivamente o ambiente que pesava naquela sala. No ecrã, as imagens da notícia que Estevez lhe havia transmitido um par de horas antes: O voo LV346 da L.A.V., que tinha a bordo o Dr. Castillo e a esposa que se haviam deslocado a Bogotá numa viagem de negócios e que agora regressavam, havia-se despenhado nos picos dos Andes. O pequeno jacto, aparentemente não terá resistido aos ventos fortes. No entanto os problemas técnicos também não estão postos de lado.
Dr. Werdna também já tinha conhecimento da notícia. Ficou inexplicavelmente descontrolado e quando falou com André descarregou nele as culpas do seu mau relacionamento com o pai e do peso que este teria de carregar até ao fim dos seus dias.


Capítulo IV


Juan Pablo acordou depois de uma noite de trabalho. Eram aproximadamente 11 horas.
Sentia-se bem pois tinha conseguido avançar o trabalho que o conduziria à sua 2ªobra.
Abriu o postigo a tempo de ver as duas rodas da bicicleta que levava o carteiro, a abandonarem as suas imediações. Facto raro, este – pensou. Poucos eram os que tinham esta morada e como não esperava nenhuma correspondência deduziu que seria mais uma conta para pagar. Mas estávamos a meio do mês e esse facto intrigou-o. De forma que vestiu um agasalho e deslocou-se à rua, à caixa de correio para verificar a correspondência.
A carta não tinha remetente. Só no seu interior Juan Pablo viria a descobrir que fora Martina quem lha enviara.
Ficou abalado. Não esperava, pelo menos nesta fase, que Martina o abandonasse. Pensou em voltar imediatamente a Buenos Aires mas achou que não iria resolver nada. Na folha escrita à mão e ligeiramente tremida, Martina dizia que já partira para casa da mãe em Santa Fé. No mínimo, teria pela frente 6 horas de viagem de carro.
Decidiu sentar-se à secretária e escrever mais um pouco para depois voltar a pensar sobre o assunto e tomar uma decisão de forma mais calma.
Como seria de esperar não conseguiu. Todas as folhas que produziu conheceram o mesmo destino: o caixote do lixo.


Capítulo V


Poucas semanas depois, já mais recomposto do choque inicial do falecimento dos pais, André foi contactado pelo Dr. Carlos Estevez. Mostrou alguma admiração pelo facto de ter sido contemplado no testamento. Mas logo ficou renitente:
- A única coisa que te posso revelar está relacionada com o estritamente necessário para tratares das questões burocráticas. Eu poderia tratar de quase tudo, mas ele deixou bem vincada a exigência relativamente à tua participação no processo. – Informou Estevez.
André não escondeu mágoa pela situação. A sua inclusão na herança não fora nenhuma forma de reconciliação e isso o mostrou a exigência do Dr.Castillo.
- Trata-se de um terreno com uma casa cuja localização só te poderei revelar mais tarde.

Os momentos de irritação por que passou para resolver a transmissão dos bens para seu nome só não o fizeram desistir por saber que fora a sua mãe quem terá forçado o Dr.Castillo a incluir o nome do filho no testamento. Mesmo após a morte, André sentia a decepção do pai em relação a si próprio. Este conhecia a aversão do filho a estas matérias, mas ainda assim obrigou-o a passar por elas mesmo depois de falecido. Não havia argumentação possível. Esse era o drama de André. Tinha vontade de descarregar o seu desprezo por aquela “esmola” rasgando os papéis em frente ao Dr.Castillo. Mas essa impossibilidade e a vontade da mãe fizeram-no engolir em seco.
Nas longas esperas porque passou poderia ter-se refugiado no bloco de notas que sempre trás consigo e para onde vão todas as ideias que poderão mais tarde ser passadas para um dos seus livros. Pelo contrário a irritação conduziu-o à ansiedade e consequentemente ao abuso na sua medicação


Capítulo VI


A carta de Martina tinha deixado Juan Pablo mais abalado do que ele próprio esperava. Voltou para Buenos Aires e estranhou o vazio que se sentia em casa. Trouxe consigo, contrariando um velho hábito, o material de trabalho. Nunca, desde que vivia com Martina, havia escrito uma linha em Buenos Aires. Antes de se dedicar à escrita alimentou a sua amargura quando se encontrou com uma das suas amantes e ao regressar a casa voltou a rasgar todo o trabalho que produziu. A vida, de André Castillo estava mais nebulosa do que era sua vontade.
Ao acordar pegou no telefone e tentou ligar para a casa da sogra. Entre telefonemas ignorados e outros atendidos, esta disse-lhe várias vezes que Martina não desejava falar consigo e que seria melhor que nesta fase assim fosse.
Irritado, ligou para a editora e comunicou-lhe que precisava de férias. Algo tolerante com a situação (ao fim e ao cabo era de um promissor escritor que se tratava e não seria bom para ambas as partes criar desde cedo um mau relacionamento com Juan Pablo) esta aconselhou calma e sugeriu-lhe que estivesse longe do seu meio, possivelmente longe do país por uma semana. Ajudaria a assentar ideias, tanto para ele como para Martina.
Assim o fez. E decidiu aceitar um convite que o famoso escritor Gabriel Garcia Marquez lhe endereçou quando se conheceram por intermédio da AEFS (Associação de Escritores de Ficção Sul-Americanos), para o visitar onde este passa a maior parte do seu tempo – Cidade do México. Juan Pablo tinha em Gabo o seu maior ídolo e via nesta viagem uma boa forma de se afastar um pouco da sua situação para posteriormente poder analisá-la mais racionalmente.


Capítulo VII


O mapa que Carlos Estevez lhe entregara, assinalava o local herdado. Seguindo para sul de Buenos Aires a dada altura André teve de cortar por um troço de terra batida onde nunca tinha estado. Seguiu um par de quilómetros, passou por um aldeia onde parou e tomou algumas notas tendo em vista os seus escritos e continuou até encontrar um poço descrito por Estevez nas suas indicações. No caminho tinha iniciado mais um dos habituais confrontos verbais com o Dr. Werdna. Resolveu dar-lhe um dos seus comprimidos para o acalmar.
- Não quero esta porcaria. Quem toma isto é você não sou eu. – Disse Werdna.
- Não se esqueça do meu papel nisto tudo.
- Quero lá saber do seu papel. – E de repente - Pare o carro! Está ali o poço! – Exclamou Werdna.
Dali em diante teriam de seguir a pé.
- Dê-me o mapa! – Ordenou o Dr.Werdna.
- Obviamente que não lho dou. Lembra-se de quem eu sou?
- Era só o que mais me faltava! Eu não vou consigo.
Mais uma vez André quis forçar Werdna a acalmar-se por meio dos medicamentos.
- Já lhe disse que isso não é para mim! Tome-os você! – Rejeitando-os, virou as costas e caminhou alguns metros.
- Ei!! Pare se faz favor. Onde pensa que vai?! – Interrogou de forma repreensiva André.
Dr. Werdna, deslocava-se já em sentido contrário quando a voz o fez parar, mostrar descontentamento e, resignado, reajustar novamente o sentido do seu passo com o de André. Encontrava-se perto da parede do poço. Reparou que este estava seco e viu Werdna caminhar em sua direcção enquanto alterava drasticamente a postura. De resignado passou a confiante. A confiança ganhou contornos agressivos e intimidatórios. Ao mesmo tempo ia-se aproximando cada vez mais de André que não escondia a sua apreensão. Quando o alcançou um ligeiro confronto físico foi o suficiente para André tropeçar, ficar apoiado na parede do poço e para Dr.Werdna lhe roubar a caixa dos comprimidos e fazer do vazio do poço o seu destino. Tudo isto perante o maior dos desesperos de André.


Capítulo VIII


- Juan, o Caribe seria uma perdição para ti! – Gabriel dizia-o de uma forma paternal. Promovendo os encantos das águas e das areias por elas encantadas ao mesmo tempo que não ignorava que os seus feitiços pudessem não ser a ajuda que Juan Pablo necessitava no momento.
Ignorando o conselho do ídolo, Juan Pablo foi mesmo consumir o resto das suas férias em Cartagena, no norte da Colômbia. O risco não podia ser melhor atractivo para um boémio fazer desaparecer, por alguns dias, as suas maiores preocupações.
Quatro dias depois a Argentina enlutava-se em resultado do falecimento de um dos mais jovens escritores do país.
“A tragédia ocorreu quando Juan Pablo Blanco regressava a Buenos Aires de umas curtas férias. O pequeno jacto, aparentemente não terá resistido aos ventos fortes. No entanto os problemas técnicos também não estão postos de lado.”


Capítulo IX


Instalado na sua secretária, o Ministro do Interior via o seu assessor entrar-lhe gabinete adentro com o relatório do inspector da Polícia Federal.
- Qual é o assunto Rodrigo? – Indagou.
- É a morte do filho do Dr. Castillo, Sr. Ministro.
- E queres que eu leia isto tudo?! Faz-me um resumo e já me contas tudo.
- Já fiz, Sr.Ministro.
Este olhou-o com um ar de espanto e disparou, como que indignado pela perda de tempo provocada:
- Então de que estás à espera?!
- A autópsia confirma a morte por ataque cardíaco. Aparentemente o falecido ter-se-á desequilibrado perto do poço e ao fazê-lo deixou cair os medicamentos. De acordo com o médico, tratavam-se de anti-psicóticos e usam-se em quadros de esquizofrenia. A perda ter-lhe-á provocado um ataque de pânico ao qual não resistiu.
- E não havia ninguém por perto?
- Nada, o último contacto registado foi com dois frequentadores de um café numa aldeia próxima onde terá parado para descansar.
- O que disseram? – Inquiriu o ministro.
- Apenas que pediu umas indicações, tomou uma cerveja e alguns apontamentos.
- Estava sozinho?
- Segundo dizem, sim. – Confirmou Rodrigo.
- Pobre rapaz. Um família inteira desaparecida em… quanto tempo? 2 meses? Que tragédia. Então temos o assunto tratado. – Concluiu.
- Nem por isso. – interrompeu Rodrigo.
- Então?!
- Acontece que um dos objectos recolhido foi um bloco de notas onde o rapaz tomava alguns apontamentos que tudo indica fariam parte de uma autobiografia que estaria a escrever e que veio mais tarde a ser encontrada no apartamento que habitava.
- E onde está o problema Rodrigo?
- Em todos estes documentos há a presença de um tal Dr.Werdna, segundo o autor um advogado famoso e competente da nossa praça pública.
- Werdna!! Nome estranho. Nunca ouvi falar.
- Aí é que está o problema. A polícia também não.


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sexta-feira, outubro 07, 2005

Dá-lhes música...


A comi"x"ão disponibiliza, a partir de hoje, e periodicamente, música para os seus leitores.
Para que possam escutar, necessitam instalar o Quick Time 7.0 disponível no site da Apple, ao qual podem aceder seguindo o link que se encontra no posto de escuta.

Sempre que possível, a música seleccionada funcionará como banda sonora dos posts.

Se assim não for, o nosso rejubilo toma a prioridade e faremos o nosso próprio movimento de divulgação musical.

Esperemos que apreciem...

P'la Comi"x"ão


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terça-feira, outubro 04, 2005

A primeira comichão


Decorria o longínquo ano de 2002 quando a Comi”x”ão reuniu pela primeira, e única, vez. O sucedido teve lugar, como não podia deixar de ser, na Meia Praia, num local recôndito longe dos olhares alheios. O plenário decorreu como o previsto. Estavam lá todos. Com excepção de um.

80% da comi”x”ão, 100% à época, deram o mote. Mais tarde surgiu o 5ºmembro.

Entre devaneios intelectuais e outros termos menos apropriados emanou-se o primeiro documento da Comi”x”ão. – Uma acta!

Só a palavra já causa arrepio!

Poupamo-vos à sua leitura, deixamo-vos apenas com uma das mais importantes questões do nosso tempo e que teve berço exactamente neste turbilhão de ideias que foi a 1ªreunião: “Haverá vida antes da morte?”

Pode parecer estranho, mas se olharem bem à vossa volta e se se esforçarem um pouco surgirá brilhando na vossa mente um nome a quem esta questão cabe que nem uma luva… assim sem muito esforço lembramo-nos por exemplo daquele senhor que é presidente de um país que fica do outro lado do atlântico e que tem costa também para o pacífico e que fica na parte norte desse continente. Por razões de segurança não nos atrevemos a dizer o seu nome. Mas lá que ele pode invadir (é uma piada) as vossas mentes quando pensam na frase, lá isso pode.

Então pensem lá e se quiserem deixar opinião…



Foto:: Mesmo que não pareça, é mesmo na Meia Praia.


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segunda-feira, outubro 03, 2005

A comi"x"ão errou!

Contrariando académicos e teorias na área das probabilidades, a comi”x”ão registou um equívoco. Por mais assombroso que possa parecer, o erro por estas bandas também tem espaço. Podemos colocar um ponto final no assunto constatando apenas o evidente. O lado humano da comi”x”ão deu sinal de vida.

Para todos os nossos leitores, ouvintes e telespectadores, e também para os mais incautos cumpre-nos informar, com toda a frontalidade, do nosso pecado e, sem receio do ridículo, passar uma borracha (branca) pelo assunto e remendar com a subtileza própria destas circunstâncias, o sucedido.

Sucede que aquando do lançamento da nossa eleição do melhor candidato às presidenciais, os nossos serviços iniciaram uma exaustiva busca pelos nomes cujo perfil se enquadrava nas funções de chefe de estado. Contudo alguns problemas técnicos e outros deixaram passar uma das mais fortes personalidades dos últimos tempos. Um homem cuja presença no ecrã de televisão foi constante há tempos atrás. O seu desempenho era de tal ordem importante que a sua aparição era quase exclusiva dos momentos mais significativos do sharing televisivo. Neste momento encontra-se afastado da ribalta. Não se pense que por falta de protagonismo, mas por motivos que se prendem com a reflexão e a projecção da melhor estratégia para o país.
Quando ele surgir, todos nós saberemos!

Desta forma pedimos desculpa, não ao candidato, mas sim ao Homem!

Sincerely

A Comi”x”ão da Meia Praia


P.S. Se quiser mesmo saber quem é, basta descer mais umas linhas.


























































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